domingo, 10 de outubro de 2010

Testamento

À minha pequena deixo meu caderninho,
onde anotei meus últimos poemas.
Aqueles rabiscados por grafite HB,
que de tão poroso não lhe deixará ler nenhuma frase.
Exceto aquela da última página
que hesitei em riscar.
(MB)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Diálogo semântico

Eu estou para a minha Nêga
assim como
minhas madrugadas estão para seus cafés da manhã,
enquanto
meu medo do amor dialoga com a sua carência.
Formando um continuum que eu não quero que saia de mim, mas chega nela!
(MB)

sábado, 10 de julho de 2010

Homologia estrutural de uma certa gramática

“Quando duas vírgulas se juntam,
casando,
em oposição a outro casal,
criando um conjunto de famílias oligárquicas,
subindo na escala social,
deixam de ser vírgulas, pois
ganham o direito de transformar todo o seu conteúdo,
sendo agora
aspas”
(MB)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sábado com pizza!

Portanto, seguem dois orixás Prêt-à-porter
acompanhados de coca-cola e amalá até os tampos.

Ah! Vai precisar de troco senhor?
Não! Mas a traz a maquininha do cartão.
(MB)

domingo, 20 de junho de 2010

poema de poucas frases

Quando eu nasci, num hospital publico
desses que vivem com a certeza da morte
disseram: Vai, moleke! Ser cutintiano na vida.
(MB)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

por todo lado
sinto
e esqueço!
(MB)

terça-feira, 16 de março de 2010

Lá em casa

Lá em casa:
Dois João
E um José.
Amém e Axé!

(Aruanda)

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Adorei a surpresa da Aruanda, ela sabe que eu adoro as coisas simples e geniais que ela faz...
Obrigado minha irmã!
Poema Publicado originalmente em Aru Ayê

segunda-feira, 15 de março de 2010

Toalha nova não enxuga

Blog devidamente enxugado!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Na varanda

Sinto em movimento,
pois Exu faz fazer, sermos feito.
Entre o movimento de acordar, dormir, acordar, dormir...

Sinto a forja, o calor das brasas,
do aço contorcido pelo calor de Ogum.
Da guerra contra o mal estar, de um fim de tarde mal dormido.

Sinto, eu, bicho do mato,
incrustado em mim mesmo.
Dormindo, preso sobre bambus que destroem a pele da caça e lhe retiram a vida.

Sinto que serei curado, pelas terras férteis,
pelos fins, de pragas,
que não sabemos os meios, de omulu.

Sinto a cura da doença
através de ervas daninhas que, aos olhos verdes, são benéficas.
Ossaim de tristes cantos, nos traga seus encantos para eu voltar para o meu berço?

Sinto cobras sobre o meu corpo, chocalhos,
que me lembram ruivas tardes, tingidas de sangue.
Olhem! Um arco-iris que se forma com as sete cores, há quase sete horas, girando ao contrário, para Oxumaré e Ewá dançarem.

Sinto este arco, desde os lamaçais,
onde Nanã dorme e não deixa escapar nenhuma matéria prima,
até a minha rede, onde descanso sonhando com coisas do cotidiano. Xirê!

Sinto gotas de chuva,
doces, frias e arredondadas. Perfeitas!
Formando um espelho, onde se vê oxum correr em forma de rio.

Sinto fome neste fim de tarde.
Cara Obá, nos traga o que comer! Minha cabeça pede...
Vista seu avental vermelho e não olhe para trás, pois seu passado é feio como sua face.

Sinto chuva forte, já lhe disse?
Você deve ter escutado...
São os trovões, os gemidos de Oyá com ciúmes de Xangô.

Mentira!
Pois você dorme profundamente.
Duvido que sonhe, acorde ou sinta sua respiração: todos fortes!

Sua cabeça, sobre o meu peito,
me deixa sentir seus dois pulmões.
Exalando o ar da vida que Oxalá teve o prazer de assoprar, na gênese.
(MB)