quinta-feira, 16 de abril de 2009

São, São Paulo

As paisagens paulistanas teimam em serem reconstruídas a cada momento como bem notou Lévi-Strauss ao ver na São Paulo uma cidade que nunca termina, sempre está em reconstrução.

Podemos fazer um paralelo desta transitoriedade com a concepção do fazer Graffiti. Grafiteiro sabe que sua “obra de arte” é transitória, efêmera e por si mesma com validade, a qual depois de um tempo ficará suja, por vezes recortada e por fim substituída no intensivo uso e desfruto das paisagens urbanas.

O grafiteiro dando seus rolês é escolhido pela paisagem para imprimir sobre ela seu trabalho. A cidade é seu ateliê e o público é parte de sua obra, seu espectador e seus criticos por excelência.


Na plataforma, sentido Luz, dentro da estação Lapa de trem uma mulher negra que provavelmente vai ao trabalho espera com angustia o trem que demora de 15 a 30 minutos, seu lanche ainda está morno e sua degustação é acompanhada por pequenos olhares atentos ao trem que parece demorar para chegar. A segunda é uma mãe zelosa que cuida de seu pequeno, pronto para o conjunto de aulas. Ambos não estão sozinhos pois o homem-cabeça-de-arvore assume o caráter de pai-projenitor-e-resgualdador-da-moral-e-da-familia atrás de sua esposa e filho, bem ali chumbado na parede por um artista plástico periferico. Ao fundo uma cena erótica, uma “senhorita” ruiva excitante a evidenciar sua beleza lombar para a metrópole as escuras. Esta paisagem não seria perfeita se todos não estivessem escutando a música de uma radiola antiga que provavelmente toca um vinil em inglês. Eu tocaria B. B. KING.

Planos globais e locais se confundem, o antigo e o novo coexistem de forma harmônica compondo uma beleza particular como o mesmo Lévi-Strauss apontou na São Paulo da década de 1930.

Com os extremos em Cástor e noutro Pólux, uma das multifacialidades da metrópole está aqui retratada, congelada e chorando – de alegria ou dor? - sobre o guarda chuva que simboliza a antiga terra da garoa.

Sendo território de tráfego, vivência e concepções tais paisagens operam como lugar, não-lugar ou espaço, oferecendo ao leitor da metrópole vida metamorfoseada em ódio, amor, angústia, esperança e tantos outros sentimentos que fluem por suas ruas, casas, estações e pontos de ônibus, enfim o cotidiano responsável por nossas impressões seletivas, de sua existência e dos próprios movimentos da metrópole.

Assim como foi empurrado o ANGELUS NOVUS da concepção de história em Walter Benjamin, algo nos dá esperança e nos empurra para frente tendo as mesmas características do zodiaco de Cástor e Pólux : A adaptabilidade e a versatilidade.

Agradecimentos:

Fotografia de Altocontraste (Casal Lygia e Lúcio) todos os direitos reservado aos autores desta obra prima. A fotografia está aqui por contrabando e gostaria da permissão destes dois que por hora está sendo impossível.

Graffiti de OZi - um dos melhores no assunto aqui em sampa – na estção de Trem Lapa. Mais deste gênio e dinossauro das tintas em: http://www.flickr.com/photos/graffitivivo/

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Vegetariando

Engordai com ideologias os bovinos
para na laje do puchadinho
sede do partido
termos um bom churrasco